Artigo interessante este - e o áudio também - do New York Times, acerca de Nhem En, o homem que entre 1975 e 1979 fotografou milhares de pessoas, uma a uma, à sua chegada à mais célebre prisão e centro de tortura que o regime de Pol Pot criou. Instalada naquilo que era o liceu Tuol Sleng em Phnom Penh, a Security Prison 21 (S-21) está hoje transformada no Tuol Sleng Genocide Museum.
Nhem En juntou-se aos Khmer Vermelhos aos 9 anos e aos 16 foi enviado para a China para aí aprender fotografia. No âmbito do processo de julgamento por crimes contra a humanidade de alguns dos responsáveis do regime Khmer, Nhem En foi chamado como testemunha e os milhares de fotos que tirou são agora documentos do processo.
O número de pessoas que passaram pela S-21 é incerto – e a sua exactidão deixa de fazer sentido quando se fala de extermínio – mas estima-se que entre 14.000 a 20.000 pessoas tenham sido aí torturadas e mortas ou então interrogadas e depois enviadas para os “killing fields”.
Quando Nhem En lhes retirava dos olhos a venda que traziam, os recém-chegados perguntavam-lhe onde estavam, o que faziam ali, de que eram acusados. Nhem En nada lhes respondia, limitando-se a pedir-lhes que olhassem de frente para a camara, para depois os deixar nas mãos dos seus algozes.
Como explica Nhem En, "The duty of the photographer was just to take the picture". Agora são fantasmas que regressam.
5 comentários:
viste o 'natureza morta'da susana sousa dias?
É necessário conhecer a vida de um polaco, Wilhelm Brasse, ainda vivo, e vizinho de uma amiga minha. Ele foi durante anos o fotógrafo de Auschwitz. Essa mesmíssima frase: "O trabalho de um fotógrafo é tirar fotografias" destruiu-lhe a vida inteira.
ssv, não vi. consegue encontrar-se?
rui, não conheço, mas agora tratarei de conhecer.
fj
consegue-se. eu tenho.
já fui investigar e hei-de procurar encontrá-lo.
obg, fj
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