domingo, 17 de fevereiro de 2008

Absolutely no “Stairway to Heaven”




Bom, talvez a este deixassem...

1 comentário:

Rui Correia disse...

Um dia, estava eu no conselho executivo da minha escola a trabalhar numa coisa qualquer com a importância imprescindível de tudo o que tem uma importância absolutamente prescindível, quando ouvi pela quinta milionésima vez cinco ou seis miúdos que ensaiavam junto à minha janela o hino da alegria em flauta. Não resisti ao absurdo, fui à janela e fingindo um estado de desespero absoluto, supliquei, quase em lágrimas, fingidíssimas que, por favor, por tudo o que tinham de mais sagrado na vida, não tocassem "isso" - isto dito com um nojo, uma repugnância e uma abjecção tão absolutas quanto fingidas. Os miúdos riram-se e foram tocar para outra freguesia. Ainda hoje tenho para mim que, se alguma coisa consegui de positivo nos meus anos de direcção de uma escola, foi que acabassem com essa bubónica pneumonia de todos os anos assassinar aquela peça de composição.
Hoje, digo-o com uma lágrima ao canto do Bonga, a minha escola tem professores de música que nem se atrevem a seguir aquele antigo caminho de perdição. A Sara, a Margarida e a Isabel procuram muitas outras coisas para desenvolver nos miúdos o apetite por tocar um instrumento musical. Estamos todos, portanto, de parabéns.
Imaginas por isso que, para mim que nunca fui de gostar de Led Zeppelin nem Deep Purple seja especialmente pungente cada vez que tenho de ouvir o téun téun téun, téun téun téréun. Aplaudo, pois, com entusiasmo comovido e solidário a decisão da loja e se, por sorte, conheceres os proprietários de tão respeitável estabelecimento comercial, dá-lhes lá um abraço deste traumatizado que se assina Rui Correia