segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Delírio tonal


O tema Tico Tico no Fubá foi composto em 1917 por José Gomes de Abreu, o músico que acabou por ficar conhecido como Zequinha de Abreu . Inicialmente chamada Tico Tico no Farelo, trata-se de uma canção escrita sob a forma de choro. A rápida sucessão de notas da sua melodia evoca o frenesim do tico-tico, uma variedade de pardal da América do Sul, debicando o tradicional fubá afro-brasileiro (um preparado à base de farinha de milho).


Tico Tico no Fubá tornou-se mundialmente célebre com Carmen Miranda e o seu sucesso levou a que muitos, muitos outros o interpretassem. Mas a sua primeira gravação é esta, feita pela Orquestra Colbaz em 1931.



Por aqui ficaríamos caso me movesse apenas o interesse histórico. Mas não, não sendo esse o caso, o que aqui trago é a versão absolutamente única de Stefano Bollani, não pela velocidade com que ele a executa, mas pelo facto de ele alterar o seu centro tonal entre cada compasso (por vezes a cada dois compassos)!

Ou seja, Stefano Bollani reescreveu a música alterando sucessivamente o tom em que a executa.

Eu sei, admito que não consigo explicar isto convenientemente. Mas sei também que o conceito é difícil de imaginar sem ouvir o resultado. Ouçamo-lo, pois.

Delirante!

4 comentários:

sem-se-ver disse...

extraordinário. jazz puro, isto. muito bom, mesmo!

fj disse...

jazzão! um exercício que eu não consigo imaginar o que será tocar, mas que até se arrisca a passar despercebido.

Helena Martins disse...

b r u t a l !

fj disse...

loopy,

é sim, um exercício extraordinário!