quarta-feira, 28 de março de 2012
quinta-feira, 22 de março de 2012
Velhas facas de cozinha
São muitas e proveitosas as horas passadas a sós no silêncio da cozinha, só possível quando as crianças dormem já entre o hoje e o amanhã. São horas em que me intro/inspecciono e confirmo que resta ainda sanidade para aquilo que sobra do dia.
Há ainda poucas semanas, apeteceu-me terminar um desses momentos de remanso solitário com algumas sobras de fruta do jantar. Com o pensamento em deambulações de final de dia, peguei numa faca de cozinha quando, subitamente, me saltou à vista a curva pronunciada do seu gume. Com brusquidão quase a atirei para a bancada e de imediato a troquei por outra, logo ali ao lado.
Naquele gesto súbito recuei mais de quatro décadas. Em menos de um segundo revelaram-se memórias. No lapso de um momento traí-me e deixei que muros caíssem.
O gume desgastado daquela faca é igual aos gumes das facas das gavetas de casa dos meus pais, ou daquelas que eu via pelas cozinhas das tias que em pequeno eu visitava. Eram objectos tão familiares e próximos que deles eu conhecia cada contorno e detalhe.
As facas de cozinha aferem na perfeição o passar do tempo: os seus gumes rectilíneos vão-se encurvando com rigor frio, na medida exacta da passagem dos anos.
Trazem-me muita clarividência as horas passadas a sós no silêncio da cozinha. Embrenho-me nestas constatações enquanto hoje chega um aniversário importante. As crianças acordam para o dia de escola, vestem-se, e mergulham na correria diária que hoje lhes há-de trazer ainda mais descobertas.
Está a chegar a sua vez de começarem a reparar nas lâminas das velhas facas.
Somos todos velhas facas de cozinha.
Há ainda poucas semanas, apeteceu-me terminar um desses momentos de remanso solitário com algumas sobras de fruta do jantar. Com o pensamento em deambulações de final de dia, peguei numa faca de cozinha quando, subitamente, me saltou à vista a curva pronunciada do seu gume. Com brusquidão quase a atirei para a bancada e de imediato a troquei por outra, logo ali ao lado.
Naquele gesto súbito recuei mais de quatro décadas. Em menos de um segundo revelaram-se memórias. No lapso de um momento traí-me e deixei que muros caíssem.
O gume desgastado daquela faca é igual aos gumes das facas das gavetas de casa dos meus pais, ou daquelas que eu via pelas cozinhas das tias que em pequeno eu visitava. Eram objectos tão familiares e próximos que deles eu conhecia cada contorno e detalhe.
As facas de cozinha aferem na perfeição o passar do tempo: os seus gumes rectilíneos vão-se encurvando com rigor frio, na medida exacta da passagem dos anos.
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Trazem-me muita clarividência as horas passadas a sós no silêncio da cozinha. Embrenho-me nestas constatações enquanto hoje chega um aniversário importante. As crianças acordam para o dia de escola, vestem-se, e mergulham na correria diária que hoje lhes há-de trazer ainda mais descobertas.
Está a chegar a sua vez de começarem a reparar nas lâminas das velhas facas.
Somos todos velhas facas de cozinha.
terça-feira, 13 de março de 2012
domingo, 11 de março de 2012
domingo, 4 de março de 2012
Conectividade
Isto deixa-me sinceramente emocionado - a possibilidade de verificar como podem ser criados laços e emoções através da música ( música = emoções, não é? ) recorrendo à conectividade ao nível planetário.
O primeiro vídeo mostra a conceptualização e o processo criativo, o segundo o resultado.
Afinal, não é isto que todos queremos - estabelecer contacto, ver e ser vistos, ouvir e ser ouvidos?
O primeiro vídeo mostra a conceptualização e o processo criativo, o segundo o resultado.
Afinal, não é isto que todos queremos - estabelecer contacto, ver e ser vistos, ouvir e ser ouvidos?
Eric Whitacre's Virtual Choir
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